Nesta quarta feira (01/06) o telepastor, vendedor de quinquilharias
gospel e pregador de indulgencias modernas Silas Malafaia, seu fiel
escudeiro Jabes de Alencar, junto com vários líderes de diversas
denominações evangélicas, além da trupe "levitas" Fernanda Brum,
Eyshila, Fernandinho, Cassiane e Nani Azevedo, se reuniram em frente à
esplanada dos ministérios em Brasília para a realização de mais um ato patético profético destes que não mudam nada mas que angariam seguidores e ajudam a ostentar o tamanho dos seus ministérios.
Seguidos por uma turba de religiosos do tipo que costuma comer qualquer
sermão medíocre sem questionar, e que acatam comandos absurdos sob
pretexto de não tocar no ungido, estes pastores (apóstolos, bispos,
semi-deuses e pikachus das galáxias) se uniram para protestar contra a
corrupção. Sim, foi isso mesmo que você leu: Os maiores mascates da fé,
os caras que comercializam Cristo no atacado e varejo, unidos em um
evento contra a corrupção. Brilhou por sua ausência o pai-póstolo
nascido do útero profético da virgem maria dos crentes, Renê Terra Nova,
mas explicaram que ele estava se preparando para uma conferência.
Dizem que a manifestação foi tão poderosa que já tem deputado, senador,
ministro e ex-presidente querendo devolver a grana do mensalão e do
petrolão. Eles ficaram tão sensibilizados pelo ato patético
profético que já falam em restituir 4 vezes mais aos seus ofensores.
Não, zuera! É claro que nada mudou após a profetança dos pastores em
Brasilia, pois não é com artes mágicas que a gente muda o país, mas com a
força do povo nas ruas em voz uníssona e exercendo conscientemente o
direito do voto (Eita, fiquei patriota!), mas isso também é assunto para
outro post. Voltemos então aos atos proféticos.
Por que é que eu implico tanto com os atos proféticos? O que há de tão
errado com eles a ponto de provocar semelhante indignação e me fazer
perder tão precioso tempo do meu dia escrevendo algo que provavelmente
fará com que eu seja achincalhado de todos os pejorativos possíveis,
além de ser taxado como carnal, perseguidor dos "ermãos" (sim, eles
escrevem mal pacas!) e "crítico que não faz nada"? As razões de minha
implicancia serão descritas à seguir:
Atos proféticos que não mudam nada
Em primeiro lugar, os atos proféticos estão construídos sobre uma exegese mediocre e imaginativa, e não em bases bíblicas sólidas. Em outras palavras, como diria o padre Quevedo, "iso non ecxisti"! Segundo o bam-bam-bam manauara ungido a patriarca pelo falso profeta Morris Cerulo, um ato profético é uma "linguagem profética que traz ao reino físico a existência do mundo espiritual". Em outras palavras, segundo Renê Terra Nova o ato profético seria uma espécie de abracadabra que faz com que as coisas simplesmente apareçam do nada. É como se nossas palavras tivessem poder criativo. Mas será que elas tem mesmo?
Ora, única palavra que tem poder criativo é a palavra de Deus. Ele tem o
poder para criar mundos do nada e de trazer a existencia aquilo que
ainda não existe. Mas esse poder é dele, e não nosso: Nenhum homem, por
mais fé que tenha, pode acrescentar um côvado à sua estatura (palavras
de Jesus!), nem tornar um fio de sua cabeça branco ou preto (de forma
natural. Colorantes não contam!). Então não adianta espernear, chorar
nem fazer beicinho: Não existe base bíblica para atos proféticos! Não dá
pra mudar a realidade fazendo magia branca nem mandinga de crente.
Mesmo que o Tiririca se converta e ainda que ele declare beleza com toda
a fé do mundo, ele nunca vai ser o George Clooney, da mesma forma que o
pseudônimo de "Dona Bela" repetido à exaustão não pôde dar atributos de
beleza à saudosa atriz Zezé Macedo da Escolinha do Professor Raimundo
(Coitada, morreu feia).
Atos proféticos não possuem base bíblica
A segunda razão porque odeio os atuais atos proféticos é porque eles não se assemelham aos verdadeiros atos proféticos da bíblia. Quando um profeta bíblico fazia algum tipo de representação/encenação profética, era para ilustrar uma realidade existente, e não para modificar, criar ou transformar aquilo que já existia. Um exemplo disso é o casamento do profeta Oséias com uma prostituta. A união tinha o propósito de ilustrar o fato de que a nação estava prostituída com falsos deuses. Tais encenações proféticas tinham a finalidade de ensinar, instruir, elucidar, e não de transformar. Toda a dramatização tinha uma finalidade pedagógica, e nunca foi usada como chave mística ou abracadabra para "desatar no mundo espiritual as bençãos de Deus sobre a vida dos fiéis".
Atos proféticos ofuscam a Palavra
Finalmente, eu realmente tenho ódio das lambanças proféticas
neopentecostais porque entendo que elas tem substituído o verdadeiro ato
profético da igreja. Ora, o que pode ser mais profético do que a
pregação da Palavra de Deus? Aquele que quer ser profeta, deveria
preocupar-se em falar as palavras do Senhor, pois este é o verdadeiro
significado da profecia, mas infelizmente não é isso que vemos. Abundam
atos proféticos esquisitos, falta pregação nos púlpitos das igrejas.
Sobra espaço para misticismo, enquanto a verdadeira profecia inspirada
(A Palavra de Deus dada a nós!) vem sendo relegada a um papel
secundário, mero adorno de púlpito, apenas uma coadjuvante nesse imenso
circo que a igreja evangélica brasileira se converteu.
Escrevo essas linhas em tom de desabafo, com a alma já calejada por 9
anos de incessantes posts de advertencia neste espaço. Aguardo agora os
xingamentos eloquentes e o repetido jargão "crente não pode julgar"
sendo digitado freneticamente na timeline da nossa fanpage. Mas a vida é
feita de escolhas, e no dia que escolhemos criar esse espaço
cibernético chamado Púlpito Cristão, eu já sabia que estaria na mira
daqueles que dedicam a vida a "criticar os críticos e julgar os juízes".
Então, que comece o mimimi!
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Redação Púlpito Cristão
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Redação Púlpito Cristão
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