quinta-feira, 31 de março de 2016

31 De Março De 2016




Já deu pra sentir qual a trama
Quando eu nasci já tinha calor (...)
Quando eu nasci tinha, sim senhor,
Águia, paturi, camelo, condor
E as águas do Amazonas, os ratos, as rãs, ratazanas
Quando eu nasci já tinha terror 
 
(Itamar Assumpção, "Já deu pra Sentir", 1980)

Hoje é dia de ter memória, de ter esperança e medo, prudência e coragem, de resistirmos aos usurpadores de sempre e ao poder avassalador das picuinhas

Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)

Hoje é dia de ter memória. De lembrar que essa democracia (esse arquipélago de democracia) foi conquistada de forma dramática, entre heróis e cadáveres. De recordar que usurpadores cobram caro. Que o que vem aí não é uma revolução, mas uma reação de nossas elites a uma terrível ameaça: a de que ela não seja a protagonista. De lembrar que tudo pode ser pior. Que não temos as barbas do Estadão e a cafonice da Fiesp. Que não precisamos de um pajem, de um Paulo Skaf, de uma paulocracia.

Hoje é dia de esperança. Não de uma esperança absoluta, maiúscula, rumo a uma sociedade igualitária, justa, mas ao menos uma esperança de que não haja retrocesso. De que sigamos aos trancos, sem cair no barranco do casuísmo. Nas ruas, brasileiros que não aceitam entregar este país ao PMDB, sem votos, em nome de um pato. Em nome do governo, do PT? Muitos de nós, não. Em nome de muito mais que isso: da rejeição das subtrações. Do princípio de que não podem sequestrar nossa soma.




brizola

Hoje é dia de medo. Medo de que a escolha da Praça da Sé não tenha sido a melhor possível, como o palco de manifestação em nossa capital econômica. Dia de cautela em relação a sabotadores, pois o entorno da praça é um convite para ações pontuais de milicianos e fardados. É dia de temer, sim, armadilhas. Pois os fascistas se empoderaram em poucas semanas, organizaram-se. E têm um combustível incrível a seu favor: o ódio. Manipulações grosseiras, o apoio explícito da imprensa – e o ódio.

Hoje é dia de ter prudência e de se ter coragem. Originalmente, aliás, a palavra prudência não tinha nenhuma conotação oposta à coragem. Muito pelo contrário. Era uma virtude intelectual (Aristóteles), tão nobre quanto a sabedoria (Heráclito). Significava a disposição de decidir o que é bom ou ruim. Não apenas precaução diante dos perigos, como é vista hoje, mas, como definiu Santo Agostinho, “o amor que separa com sagacidade aquilo que é útil do que é prejudicial”. E não temer. Não Temer.

Hoje é dia de sentir. De sentir a nossa trama. Quando nascemos, dizia Itamar Assumpção, já tinha ratos, rãs e ratazanas. E já tinha o terror. Nada menos que o terror. Hoje é dia de discernir, portanto.

De decidir se queremos abraçar picuinhas, causas menores ou intermediárias, ou algo maior – mesmo que seja dolorido, mesmo que tenhamos de lutar contra o rancor. Não por ninguém poderoso, por qualquer um que também tenha nos esquecido. Mas por nós, exatamente por nós. Por outra trama.

 http://outraspalavras.net/alceucastilho/2016/03/31/31-de-marco-de-2016/#more-2781

Artistas e Intelectuais Dizem Não Ao Retrocesso Político


"A classe artística mais uma vez se levanta para cumprir seu papel de vanguarda na defesa da democracia, da liberdade. Lembremos-nos de Leonel Brizola, pela sua campanha da legalidade", diz a sambista Beth Carvalho


Jornal GGN - "Eu tenho que admitir que eu sou oposição ao seu governo, presidente Dilma. Eu tenho um contentamento em poder dizer que estou em um estado democrático, de preservar as liberdades, o inconsciente coletivo do nosso povo. Esse ódio, essa sombra, de irmão contra o irmão, um plano maquiavélico criado por pessoas que viram mexer muito pouco. Isso é muito assustador. O motivo do impeachment não é por um erro, mas é pelos acertos do governo, e isso dói demais", disse a atriz Letícia Sabatella à Dilma Rousseff, em ato de artistas, intelectuais e cientistas, no Palácio do Planalto.

A atriz foi a terceira a discursar durante a entrega de 12 manifestos em favor da democracia e contra o golpe. Diante da presidente Dilma, Letícia afirmou que não concorda com o governo atual, mas defendeu a necessidade de preservar a legitimidade e os direitos conquistados pelas minorias.

"Como cidadã, não sou petista, tenho frustrações com o que esperava, sobre o empoderamento dos mais pobres. Mas confesso que estou entendendo como é a dificuldade, acompanhando esse Congresso, como é difícil. Conheci o Congresso, o Senado, e sei  o quanto há de boicote contra a transformação social do Brasil", disse, sob aplausos.

Apesar de se autodeclarar oposição, a atriz afirmou que "é inegável reconhecer" os avanços garantidos pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma com as minorias. "Eu não tenho como não reconhecer essa ascensão social de uma grande maioria da população. Nada se fazia, era estagnada a essa condição. Vejo que há vontade política para isso. Mas uma vez conquistado, dado um passo, temos que ir adiante. A gente tem que andar para frente, não para trás. Por isso que eu estou aqui", completou.

Também destacou os avanços sociais da gestão petista a cineasta Anna Muylaert, diretora do filme "Que Horas Ela Volta". Em sua fala, Anna fez referência à personagem Jéssica do longa, uma jovem filha de emprega doméstica que conseguiu entrar na Universidade.
"Estou aqui hoje por amor para dizer que eu passei o ano inteiro, abraçando homens e mulheres me dizendo: 'eu sou Jessica, eu sou Jessica'. Mas eu não criei a Jessica, o trabalho que foi feito pelo governo Dilma e o governo anterior, de Lula, é estrondoso. A Europa sabe, reconhece, e aqui talvez precise de alguns anos para que reconheçam o que estamos vivendo hoje de avanços", disse a cineasta.

"Ainda haverá um dia em que subirá aqui a presidente da República que será uma Jéssica, e o seu coração estará cheio de gratidão", afirmou a diretora, emocionada, entregando o manifesto à Dilma.

"Senhora presidenta", disse o médico Miguel Nicolelis, por meio de um vídeo transmitido à plateia, dirigindo-se à Dilma: "Resista. Resista. Porque a senhora não está sozinha".


E seguiu com a convocação: "Resista, senhora, não só pela senhora, não só pelo seu mandato, mas por todos esses brasileiros, pelo princípio de que no Brasil golpes são coisas do passado e jamais serão aceitos no presente e no futuro, porque temos a responsabilidade com nossos filhos, netos e gerações, de manter essa democracia, ampliá-la e lutarmos com todas as nossas forças".

O escritor Raduan Nassar também esteve presente, anunciando que não é filiado a partido político, mas defendendo a legalidade da Presidência. "A presidente Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade. Os que insistem no seu afastamento atropelam a legalidade, subvertendo o estado democrático de direito. Os que tentam promover a saída de Dilma arrogam-se hoje sem qualquer pudor contra detentores da ética, mas serão execrados, amanhã, não tenho duvida", alertou.

"Lhe desejo, do fundo do coração, toda a energia, e forças necessárias para aguentar o trampo. Você é que está com a sua coragem segurando o barco. Por mais essa eu não esperava. Mas espero ganhar mais essa batalha", disse, em tom informal a economista Maria da Conceição Tavares, também em vídeo transmitido.



Na sequência de representantes do meio artístico, participou do ato de defesa da democracia ainda o ato norte-americano Danny Glover. "Eu gostaria de enviar uma mensagem de amizade pela sua democracia [brasileira], daqueles que a querem ver crescer, e não minar", disse, dirigindo-se à presidente: "A sua luta também é luta em todo o mundo, por democracia".


O rapper Flávio Renegado discursou em nome de comunidades e periferias: "Nas favelas a gente ainda vive esse processo, porque a PM intervém duramente contra quem vive nas comunidades. É inaceitável ainda termos Amarildos sendo assassinados, Claudias sendo arrastadas, as Jessicas incomodam. Presidente mulher incomoda. Negro com voz incomoda. E vamos continuar a incomodar. E vamos fazer com que esse papel seja cumprido. A gente está hoje defendendo a voz das comunidades, do povo do gueto. Aqui é o Brasil de verdade falando, e o Brasil precisa conhecer o Brasil de verdade".

Em vídeo enviado, Tico Santa Cruz defendeu a garantia do respeito aos 54 milhões de votos. "Saúdo todos os guerreiros presentes, não somos poucos e vamos lutar ate o final", afirmou. Confira:


Já a sambista Beth Carvalho lembrou quando conheceu o ex-presidente Lula, ainda sindicalista e que, desde então, já nos anos 60, 70 e 80, muitos artistas do samba levaram a música aos mais diversos cantos do país como conscientização política.

"A classe artística mais uma vez se levanta para cumprir seu papel de vanguarda na defesa da democracia, da liberdade. Lembremos-nos de Leonel Brizola, pela sua campanha da legalidade. A classe artística se levanta na defesa das liberdades individuais, da Constituição brasileira e principalmente na defesa do amor, é o amor que faz o artista subir no palco, e levar a sua música.


O contrário do amor é ignorarem 40 milhões de pessoas que saíram da miséria. Falta de amor é o que faz o indivíduo atacar outro como ele só pela cor de sua camisa. O amor é o que faz com que a Dilma se levante todos os dias de cabeça erguida por um Brasil mais justo. Só podia ser uma guerrilheira, vai ter luta!", disse a sambista, arrancando aplausos.

Em seguida, um dos mais conceituados diretores de teatro do país, Aderbal Freire Filho fez um duro discurso, usando metáforas do vocabulário do teatro para explicar a política atual.

"Nesse momento tem sido muito usado um gênero teatral, a farsa. Eu li nessa semana um editorial de jornal que chamava de farsa quando os intelectuais, artistas, cidadãos diziam que o que esta em curso é um golpe. Farsa é exatamente o contrario. Farsa é quando personagens ridículos, fanfarrões, enterrados até o pescoço em corrupção, herdeiros de uma tradição antiga de conveniência, de escândalos nunca apurados, quando eles são usados, quando a imprensa usa esses personagens para escrever a farsa do impeachment", disse.

"Exemplo recente é querer justificar a tentativa de provar que não é golpe porque os ministros do Supremo dizem que impeachment não é golpe. Não somos marionetes, temos voz! O que nós estamos dizendo é que sem crime, e para atender a interesses escusos, é golpe", completou, voltando-se aos grandes meios de comunicação: "Essa imprensa muda de nomes. Agora chama de impeachment, já chamou de revolução. Foi golpe e é golpe".

Também nessa linha foi o vídeo enviado pelo professor sociólogo Leonardo Abritzer: "Essa é uma conjuntura de ódio, com aplauso de boa parte dos meios de comunicação".

Dilma: Somos um projeto político, ainda incompleto e inconcluso

Em resposta, a presidente Dilma Rousseff agradeceu todos os manifestos e manifestações dos representantes da classe artística, pesquisadores e intelectuais. E recordou o que foi o dia 31 de março: "Há 54 anos, nesse exato dia, um golpe militar deu início a uma fase da nossa história, ao arbítrio a direitos humanos, a direitos individuais. Nos dedicamos a uma luta que abrangeu um período longo da nossa história recente. Sofremos as consequências, muitos foram presos, outros torturados, outros obrigados a deixar nosso pais, outros morreram".

Dilma se lembrou de seus dias enquanto presa e torturada pela ditadura do regime militar brasileiro. "Nós aprendemos o valor da democracia. Nós aprendemos da pior forma possível, que é de dentro de um presídio, vendo as pessoas sofrerem, tentarem resistir à imensa força da tortura, tentando fazer com que a pessoa traísse o que ela acredita. Não é simplesmente a dor, é a quebra da integridade humana", contou.



"Aí nós chegamos ao governo. Nós somos um projeto político. Esse projeto não é de um partido apenas, é de um conjunto de pessoas de variadas origens. Nós tínhamos um foco, e esse foco estava sintetizado em duas coisas: desenvolver o Brasil e fazer a inclusão social", afirmou, completando que "o fim da miséria era só um começo" e que, a partir de então, entrariam "as Jessicas que mudariam radicalmente a questão da desigualdade, que é o acesso à educação de qualidade de milhões e milhões de brasileiros".

Dilma admitiu que ainda temos muitos problemas sociais. "Que esse processo é incompleto e inconcluso, eu não tenho a menor dúvida", afirmou. A presidente lembrou que milhares de brasileiros ainda não tem acesso a uma qualidade de educação, que seria o passo obrigatório para a "garantia da irreversibilidade da inclusão social".

Em seguida, explicou didaticamente o que é impeachment. Defendeu que não podemos "ter medo da palavra impeachment", que está prevista na nossa Constituição.

"No presidencialismo da Constituição, se eu não me engano nos artigos 85 e 86, está previsto impeachment em caso de crime de responsabilidade. O que a Constituição não autoriza é impeachment porque alguém não quer, ou porque interessa a setores que querem se beneficiar dele", disse.

Afirmou que se sofrer o impeachment, todos os outros governos também deveriam sofrer, por também praticarem as chamadas "pedaladas fiscais": "Que abrangem três coisas: o pagamento do Bolsa Família, o pagamento do Minha Casa, Minha Vida e lutamos contra a redução do crescimento econômico para o setor industrial do pais gerar emprego", afirmou.

"Todos os governos, sem exceção praticaram atos iguais ao que eu pratiquei. E sempre, sempre, com respaldo legal", disse. "Se chamaram no passado revolução de golpe, hoje estão tentando dar um colorido democrático a um golpe que não tem base. Alem disso, se perguntarem se é crime de responsabilidade qualquer processo nas contas, qualquer jurista dirá: não é crime", defendeu.

"O Brasil não pode ser cindido em duas partes. É o que estão propondo. Um golpe tem esse poder. Não é correto que as pessoas sejam estigmatizadas. Nem de um lado, nem de outro. Nós temos de lutar para superar esse momento e criar na nossa sociedade um clima de união. E não adianta alguns falarem 'vamos unir o pais'. Não se une destilando ódio, rancor e perseguição. O que nos une é a democracia e não se negocia aspectos dela", concluiu a presidente Dilma Rousseff.

Fotografias: Agência Brasil / Vídeos: Planalto

http://jornalggn.com.br/noticia/artistas-e-intelectuais-dizem-nao-ao-retrocesso-politico

quarta-feira, 30 de março de 2016

Dilma: é Golpe, é Golpe, é Golpe!


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Na solenidade de lançamento em Brasília da terceira fase do fabuloso Minha Casa Minha Vida, a Presidenta Dilma chamou os Golpistas do que são – Golpistas:


Aqui uma reprodução não literal de trechos do discurso:

- respeitamos os direitos do povo e um desses direitos é a Democracia, que nós conquistamos

- a Democracia é um direito conquistado, não caiu do céu

- nós resistimos, metabolizamos e engolimos a ditadura

- a Democracia é um produto nosso e a Constituição de 1988 é um produto nosso, porque ela reflete essa luta pela Democracia

- na Constituição está previsto que o nosso regime é Presidencialista

- o Presidente da República tem que ser eleito de forma direta e livre e representa a MAIORIA do povo brasileiro

- a Constituição de 1988 não prevê o Parlamentarismo

- no Presidencialismo, o Presidente não pode ser eleito por voto proporcional

- tem que ser eleito pela maioria do povo

- na Constituição não existe esse negócio de “não gosto” e então o Governo cai

- isso é Parlamentarismo

- e tem os que dizem que o impeachment está previsto na Constituição… isso é má fé

- está correto, o impeachment está previsto na Constituição

- mas a Constituição também diz que só pode ter impeachment com crime de responsabilidade

- impeachment sem responsabilidade do Presidente República o que é?

(e pergunta à plateia)

- o que é?

- é Golpe (e a plateia responde: é Golpe!)

- não adianta fingir com “em tese”…

- sem crime de responsabilidade não tem impeachment!

- está ou não está na Constituição?

- está!

- o que não está é que pode haver impeachment sem crime de responsabilidade

- sem crime de responsabilidade,  o nome disso é… Golpe!

- e mais: o Presidente da República só pode ser julgado por crime que tiver cometido em seu mandato em vigor

- se querem investigar o meu mandato anterior, minha vida pregressa, faço questão:  investiguem

- mas o que está em jogo é o meu mandato atual, o que está em jogo é 2015!

- são as contas de 2015

- mas, as contas de 2015 só serão apresentadas em ABRIL e ainda não foram julgadas pelo Tribunal de Contas  nem pelo Congresso

- que processo é esse?

- é Golpista!

(E a plateia: não vai ter Golpe!

O que também se ouvirá nas ruas, amanhã, 31 de março).

Paulo Henrique Amorim

Ciro Gomes: “Coalizão de ladrões” quer derrubar Dilma para adotar “agenda entreguista”




30/03/2016 - PORTO ALEGRE, RS, BRASIL - entrevista com Ciro Gomes. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

“O doutor [Rodrigo] Janot, procurador-geral da República, está de posse de mil contas na Suíça, com US$ 800 milhões já identificados e bloqueados, com a fina flor dos políticos e dos empresários com eles conexos. Por isso que eles precisam aceleradamente [do impeachment]”, disse o ex-ministro 

Por Luís Eduardo Gomes, no Sul21

Em Porto Alegre para participar do Seminário Dívida Pública, Desenvolvimento e Soberania Nacional,  promovido pelo Sindicato dos Engenheiros (Senge), na PUCRS, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) afirmou que o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) está sendo movido por uma “coalizão de ladrões” que deseja implementar uma “agenda entreguista”, submetida a interesses internacionais.

Em entrevista concedida ao Sul21 e ao Jornal Já, Ciro Gomes afirmou que a saída do PMDB do governo federal, sacramentada em votação que durou três minutos na tarde de terça-feira (29), em Brasília, tem o objetivo de acelerar o processo de impeachment para tentar impedir que as investigações da Operação Lava Jato atinjam mais nomes da classe política brasileira.

“O doutor [Rodrigo] Janot, procurador-geral da República, está de posse de mil contas na Suíça, com US$ 800 milhões já identificados e bloqueados, com a fina flor dos políticos e dos empresários com eles conexos. Por isso que eles precisam aceleradamente [do impeachment]. Faz cinco meses que o processo de cassação do Eduardo Cunha não anda um passo sequer na Câmara e uma presidência da República da oitava economia mundial, em menos de 15 dias, pelo que nós estamos contando hoje, pode cair”, afirma Ciro.

Para o ex-governador, provável candidato a presidência da República pelo PDT em 2018, o impeachment da presidenta ainda não é inevitável, mas será preciso que o “povão acorde” e que haja uma mudança no contexto nacional para que ele seja barrado. Ciro ainda prevê que, caso se concretize a queda de Dilma, o vice-presidente Michel Temer terá muitas dificuldades para governar diante da crise econômica e política vivida pelo país.

Confira a seguir a íntegra da entrevista.

Como você avalia a saída do PMDB do governo?

Ciro Gomes: Isso é a crônica de uma morte anunciada. Se não fosse uma tragédia para o país, eu seria um dos brasileiros que poderia estar dizendo, com muita moral e coerência, que eu avisei.

Quantas vezes eu falei com o Lula, eu falei com a Dilma, lá na ancestralidade desse projeto, o quanto estúpido e equivocado era colocar esse lado quadrilha da política brasileira na linha de sucessão do País. Prevaleceu o pragmatismo que acabou entregando organicamente ao PMDB a resultante do poder no Brasil, sem voto. E agora eles estão percebendo que podem consumar o fato, eliminar os intermediários e assumir diretamente. São componentes absolutamente escandalosos e enojantes. Eu não estou exagerando em nenhuma palavra, porque assistir o País ir para o risco que está correndo, para o Michel Temer, organicamente vinculado a tudo que está errado sob o ponto de vista institucional e de corrupção no Brasil – eu sei muito bem o que estou falando, é só pesquisar meu mandato de deputado federal, com ele na presidência da Câmara – e parceiro íntimo do Eduardo Cunha, que vira vice-presidente da República.

Com isso eles vão, apoiados pelo PSDB nesse instante, cumprir a segunda tarefa depois de assaltar o poder, que é matar a Lava Jato, que agora, sob o ponto de vista dos politiqueiros de Brasília, parece ter saído do controle. Só para eu lhe dar alguns dados que não saem na grande mídia porque não interessa. O doutor [Rodrigo] Janot, procurador-geral da República, está de posse de mil contas na Suíça, com US$ 800 milhões já identificados e bloqueados, com a fina flor dos políticos e dos empresários com eles conexos. Por isso que eles precisam aceleradamente [do impeachment]. Faz cinco meses que o processo de cassação do Eduardo Cunha não anda um passo sequer na Câmara e uma presidência da República da oitava economia mundial em menos de 15 dias, pelo que nós estamos contando hoje, pode cair.

O que acontece nos dias seguintes à chegada do Temer à presidência?

Ciro: O que acontece é que um governo ilegítimo se constitui. Esse governo não é gravemente negativo para o país só porque é ilegítimo e viola a democracia. Esse governo vem com uma agenda basicamente entreguista, dos últimos interesses nacionais que essa gentalha não conseguiu entregar para o estrangeiro. Anote o que eu estou lhe dizendo: petróleo e gás. Mas também para arrebentar com o rudimento de avanço social que o país experimentou, porque eles têm uma convicção, está nos textos do Armínio Fraga, de que o salário mínimo, que é base para toda massa salarial brasileira, passou do limite, que tem que ser reduzido. Nos textos deles está lá que a política social não deve mais ser universal, e sim focada em pequenos grupos como defende o neoliberalismo mais tacanho, que inclusive está superado internacionalmente. Enfim, é uma tragédia completa para o Brasil. O que significa dizer que, dado que esses politiqueiros não conhecem o Brasil que existe hoje, que nós dissolveremos muito rapidamente esse quase consenso que está sendo construído que é pela negação, porque a sociedade brasileira está machucada pela crise econômica e indignada com a novelização do escândalo. Mas, na hora que esse consenso negativo provocar uma ruptura imprudente da nossa tradição democrática, no dia seguinte essa energia não vai para casa. E eu estarei junto com eles tocando fogo, porque não toleraremos que o Brasil seja vendido.

O senhor já disse que será o primeiro a entrar com um pedido de impeachment do Temer se ele assumir a presidência..

Ciro : É todo um contexto. Eu não sou ninguém e há muita manipulação nesse Facebook, com perfis falsos. O que eu disse, e vou repetir, é que o impeachment é um procedimento jurídico-político. Ele não pode ser nem só político e nem só jurídico, e está escrito na Constituição que essa interrupção de um mandato de um presidente da República só se dará na condição de cometimento de crime de responsabilidade. A Dilma não foi acusada de nenhum cometimento, de nenhuma dessas figuras penais da lei de responsabilidade. O pretexto do pedido que está tramitando e pode derivar numa ruptura democrática do país é o que eles chamam de pedalada fiscal, que é um crime contábil, completamente errado, não defendo, mas que todos os governos vêm fazendo e nunca, em circunstância alguma, é crime. Entre o elenco formal da lei não é crime. Portanto você tem um golpe.
E eu disse na entrevista e vou repetir pro senhor, se foi esse o pretexto que vai levar à ruptura do Brasil e há esse risco de ninguém mais governar o nosso país pelos próximos 20 anos, eu estou comovidamente convencido disso, eu entrarei imediatamente com um pedido de impeachment baseado no fato, que eu já tenho todos os documentos, de que o Michel Temer, como vice-presidente ocupando a presidência da República, assinou dezenas de decretos de pedaladas fiscais, igualzinho a Dilma. Portanto, se valer para ela juridicamente – evidentemente que isso é só pretexto -, vai ficar a sociedade brasileira muito esclarecida de que isto também foi uma molecagem de golpe. Mas vou entrar na hora.

A partir do impeachment da Dilma e de um possível impeachment também do Temer, qual seria a solução? Novas eleições?

Ciro: Um impeachment só acontece quando há uma construção consensual. Hoje, esse consenso não existe ainda. Ele se acelerou muito por conta de você ter feito encontrar interesses internacionais poderosos, que têm uma influência importante na formação da mega mídia, especialmente de São Paulo, que se autodenomina imprensa nacional, e do Rio de Janeiro, com uma sociedade muito angustiada com a crise econômica e com a loucura da denúncia moral, que foi extremamente passionalizada com aquilo que pareceu ao povo uma jogadinha miúda, metendo o centro da República nela, que é trazer o Lula para dentro do Palácio. Eu espero que ainda dê tempo e que essa marcha da insensatez se interrompa. Não acontecendo, o próximo passo de um impeachment do Michel Temer é muito improvável, porque imediatamente ele passa a ser o representante no poder dos interesses internacionais, que hoje estão na clandestinidade, balançando as bases da democracia brasileira.

É só vocês fazerem uma pesquisa rapidinha: quais são os lugares da Geografia do mundo onde há petróleo com algum excedente e você imediatamente vai ver a mesma instabilidade que há no Brasil, até agravada. Agravada, por exemplo, como é o caso do Iraque. Agravada pelas tensões no Irã, agravada pelas tensões no Egito, pelas tensões na Líbia. É uma coisa que não é coincidência. Arábia Saudita está balançando. A Venezuela, na nossa América Latina, está completamente em frangalhos, a sua institucionalidade. Isso é um jogo bruto, não é um jogo para criança. Agora, esse interesse passa a vencer. Imediatamente a mídia correlata já está fazendo o que para qualquer brasileiro é uma coisa enojante. Um partido que está há 10 anos mamando, roubando, escandalosamente e fisiologicamente entranhado no governo, que, portanto, se tem alguma coisa boa no governo, ele pode reclamar para si também e, se tem alguma coisa completamente errada, o PMDB também é responsável por isso. Sai (do governo) e a Rede Globo faz uma novela dignificando, nobilitando o gesto do PMDB. É a novilíngua. George Orwell, no livro “1984”, escreveu sobre isso.

Ciro, você fala de entreguismo do PMDB…

Ciro: Está escrito. Leia o que eles estão chamando ridiculamente de Ponte para o Futuro.

O senhor acha que o PMDB tem condições políticas de implementá-lo?

Ciro: Nenhuma chance. É uma grande fraude. É uma grande e imensa fraude porque o Brasil hoje tá pinçado por três crises, e uma alimenta a outra, e “trocar Chico por Manel” não resolve nada. Pelo contrário, quando você excita expectativas simplórias, grosseiras, como está acontecendo hoje, em que todo o problema brasileiro seria essa novela moral, que nós vamos trocar uma pessoa que não tá acusada de nada por uma linha de sucessão que é Michel Temer, Eduardo Cunha, Renan Calheiros – os três estão citados na Lava Jato e ela é a única que não foi citada nem é investigada em coisa nenhuma -, o que acontece no dia seguinte? Eles vão trabalhar para desarmar a Lava Jato, mas as três crises vão estar do mesmo tamanho.

Vamos lá, crise número 1: internacional. Um constrangimento, eu diria para você, paradigmático. O Brasil encerrou um ciclo, nós perdemos qualquer veleidade de ter um projeto de desenvolvimento, nisso o PT comete talvez seu maior erro. Fez um avanço, mas não institucionalizou nada, não mexeu em estrutura nenhuma do País. O resultado prático é que, quando terminar o ano de 2016, entre produtos industrializados que nós vendemos para o estrangeiro e produtos industrializados que nós compramos do estrangeiro, o buraco já está em US$ 110 bilhões. A gente vinha, até 2014, pagando este buraco com um ciclo de commodities muito caras. Então, eu estou trabalhando na CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), nós vendíamos, em 2014, uma tonelada de minério de ferro por US$ 180. Chegamos a vender por US$ 40. O petróleo, quando nós comemoramos a maravilhosa descoberta do pré-sal, eu estava lá ajudando a fazer a lei de partilha, aquilo tinha e tem ainda o condão no futuro de mudar radicalmente a estrutura brasileira social, econômica e de infraestrutura, o que acontecia, o petróleo custava US$ 110. Então, a gente gasta US$ 41 para tirar um barril de petróleo, com este nível de escala hoje, e vendíamos a US$ 110. É uma fortuna. Pois bem, o petróleo custa US$ 41 para tirar e nós estamos vendendo a US$ 30. “Micou” o pré-sal. Você tem a soja, o milho, etc., que não caíram tanto, mas caíram 15%, 20% todos. Ou seja, a gente artificializou de fora para dentro uma conta macroscópica do Brasil com o estrangeiro e esse ciclo morreu e morreu para sempre – pelo menos pelas duas próximas décadas. O país está desafiado a recelebrar toda a sua matriz de desenvolvimento agora, catando outro lugar aonde assentar essa imprudência de não termos uma política industrial de comércio exterior. Então, segura a primeira crise que eu quero ver como esses golpistas vão tratar.

Segunda crise, quando você tem um desequilíbrio nas suas contas externas, você transfere para dentro do país uma variável que é a desvalorização da moeda. Eu não tenho tempo aqui, mas, basicamente, se eu tenho um buraco nas contas com o estrangeiro, a consequência prática dentro do país, a primeira, é que a moeda se desvaloriza. O real se desvaloriza perante o dólar. Isto imediatamente se irradia para os preços, todos os preços que são imediatamente sensíveis ao câmbio. Por exemplo, você compra pão, pão é trigo, o Brasil não produz trigo com suficiência, importa, é dólar. Então, se você tem uma desvalorização do real frente ao dólar, o pão fica mais caro, a pizza fica mais cara.

Remédio, 75% da química fina brasileira é importada. Se você desvalorizada a moeda, o remédio fica mais caro. Passagem de ônibus, a principal variável é o diesel, diesel é petróleo, petróleo é câmbio.

Então, você tem uma pressão de preços relativos que dá uma miragem de inflação. Tentaram botar desde o senhor Fernando Henrique, e o PT manteve a mesma equação, a economia num tal piloto-automático do inflation target, que aqui tomou o nome de meta da inflação. Aí você atira com taxas de juros. Você tem a maior recessão, que não é mais, é depressão econômica, da história do Brasil, e a taxa de juros do Brasil é a maior do mundo. Eu quero ver o que essa calhordice aí, desses golpistas salafrários, vai fazer no dia seguinte que tomar posse.

E, terceiro, a crise política. Ou você acha que PT, MST, CUT, Ubes, eu e todos nós que estamos convencidos de que há um golpe em marcha no Brasil vamos deixar esse governo governar para vender o País para o estrangeiro. Nenhuma chance. Nós vamos para o pau contra eles. Eu não reconheço legitimidade nesse governo que está querendo se construir em cima do golpe. Eu não reconheço e vou lutar, no meu limite, com as ferramentas que estiveram a meu alcance, para que essa tragédia não se abata sobre o Brasil.

O impeachment é inevitável?

Ciro: Não é inevitável. Eu estou lhe falando e é preciso que a gente date as coisas, porque as coisas estão muito frenéticas no Brasil, mas o que a sociedade precisa saber é que o processo de cassação do Eduardo Cunha, pilhado com milhões de dólares no estrangeiro roubados da Petrobras, flagrantemente, tudo demonstrado com interações internacionais constrangedoras, faz cinco meses não deu o primeiro passo ainda na comissão, e essa coalizão de ladrões, esta cleptocracia que está se organizando ao redor do senhor Michel Temer, está querendo derrubar uma presidente em 20 dias. Tá marcado para o dia 17 de abril e, no momento em que eu estou lhe falando, só um milagre nos salva.

Esse milagre é possível de ser praticado se o nosso povo acordar, não só nós que já estamos na luta, mas o povão, que ainda está vendo as coisas, com muita razão, com um pé atrás, mas eu ainda tenho esperança que Deus toque o coração e a cabeça da sociedade brasileira. E isso pode mudar as coisas.

 http://www.ocafezinho.com/2016/03/30/ciro-gomes-coalizao-de-ladroes-quer-derrubar-dilma-para-adotar-agenda-entreguista/

Mídia internacional denuncia golpe e manipulação midiática

 

  Glenn Greenwald, jornalista escolhido por Edward Snowden para revelar ao mundo a espionagem do governo americano, publicou uma fortíssima denúncia contra a tentativa de golpe em curso no Brasil.

 

THE INTERCEPT (Estados Unidos): Brazil Is Engulfed by Ruling Class Corruption and a Dangerous Subversion of Democracy 

 

Entrevista de Gleen Greenwald para o Democracy Now



 

PUBLICO (Portugal): A justiça partidária e o limiar do golpe no Brasil – Publico – Portugal

 

DER SPIEGEL (Alemanha): Golpe frio no Brasil

 

THE ECONOMIST (Inglaterra):  Juiz Moro pode ter ido longe demais 

 

AL JAZEERA (Emirados Arábes): The Listening Post (Full) – Dilma Rousseff’s Watergate

 

EL PAÍS (Espanha): O Brasil perante o abismo

 

THE HUFFINGTON POST (Estados Unidos): Os deslizes do juiz Sérgio Moro

 

CEPAL: CEPAL manifesta preocupação diante de ameaças à democracia brasileira

 

ONU: Escritório de Direitos Humanos da ONU afirma preocupação com contexto político brasileiro

 

THE WIRE (India): A Coup is in the Air: The Plot to Unsettle Rousseff, Lula and Brazil

 

LE FIGARO (França):  Brésil : indignation après la publication d’une écoute téléphonique entre Rousseff et Lula

 

BBC NEWS (Estados Unidos): Brazil crisis: There may be bigger threats than Rousseff’s removal

 

LOS ANGELES TIMES (Estados Unidos): The politicians voting to impeach Brazil’s president are accused of more corruption than she is

 

THE WASHINGTON POST (Estados Unidos): How the release of wiretapped conversations in Brazil threatens its democracy

 

Manifesto de intelectuais estrangeiros: BRAZILIAN DEMOCRACY IS SERIOUSLY THREATENED

 

 http://erminiamaricato.net/2016/03/29/midia-internacional-denuncia-golpe-e-manipulacao-midiatica/

“Dilma é vítima de golpe clássico”, diz ator Wagner Moura

Ator Wagner Moura, em artigo publicado nesta quarta-feira (30), na Folha de S. Paulo, disse que a presidente Dilma Rousseff é vítima de um clássico golpe de Estado policialesco; ele afirma que o PT tem culpa no cartório, precisa ser investigado, no entanto, por uma Justiça imparcial e democrática; de acordo com ele, a débâcle petista coincide com a ascensão fascista de Jair Bolsonaro e com a ditadura da “opinião única” de apenas cinco famílias que não toleram Lula, mas controlam a mídia e dissemina ódio no país; “O que está em andamento no Brasil hoje, no entanto, é uma tentativa revanchista de antecipar 2018 e derrubar na marra, via Judiciário politizado, um governo eleito por 54 milhões de votos. Um golpe clássico.”, opinou o aclamado ator, que ainda observou que o “Sergio Moro é um juiz que age como promotor”; abaixo, leia a íntegra do texto.

Ator Wagner Moura, em artigo publicado nesta quarta-feira (30), na Folha de S. Paulo, disse que a presidente Dilma Rousseff é vítima de um clássico golpe de Estado policialesco; ele afirma que o PT tem culpa no cartório, precisa ser investigado, no entanto, por uma Justiça imparcial e democrática; de acordo com ele, a débâcle petista coincide com a ascensão fascista de Jair Bolsonaro e com a ditadura da “opinião única” de apenas cinco famílias que não toleram Lula, mas controlam a mídia e dissemina ódio no país; “O que está em andamento no Brasil hoje, no entanto, é uma tentativa revanchista de antecipar 2018 e derrubar na marra, via Judiciário politizado, um governo eleito por 54 milhões de votos. Um golpe clássico.”, opinou o aclamado ator, que ainda observou que o “Sergio Moro é um juiz que age como promotor”; abaixo, leia a íntegra do texto.


Pela legalidade

Ser legalista não é o mesmo que ser governista, ser governista não é o mesmo que ser corrupto. É intelectualmente desonesto dizer que os governistas ou os simplesmente contrários ao impeachment são a favor da corrupção.

Embora me espante o ódio cego por um governo que tirou milhões de brasileiros da miséria e deu oportunidades nunca antes vistas para os pobres do país, não nego, em nome dessas conquistas, as evidências de que o PT montou um projeto de poder amparado por um esquema de corrupção. Isso precisa ser investigado de maneira democrática e imparcial.

Tenho feito inúmeras críticas públicas ao governo nos últimos 5 anos. O Brasil vive uma recessão que ameaça todas as conquistas recentes. A economia parou e não há mais dinheiro para bancar, entre outras coisas, as políticas sociais que mudaram a cara do país. Ninguém é mais responsável por esse cenário do que o próprio governo.

O esfacelamento das ideias progressistas, que tradicionalmente gravitam ao redor de um partido de esquerda, é também reflexo da decadência moral do PT, assim como a popularidade crescente de políticos fascistas como Jair Bolsonaro.

É possível que a esquerda pague por isso nas urnas das próximas eleições. Caso aconteça, irei lamentar, mas será democrático. O que está em andamento no Brasil hoje, no entanto, é uma tentativa revanchista de antecipar 2018 e derrubar na marra, via Judiciário politizado, um governo eleito por 54 milhões de votos. Um golpe clássico.

O país vive um Estado policialesco movido por ódio político. Sergio Moro é um juiz que age como promotor. As investigações evidenciam atropelos aos direitos consagrados da privacidade e da presunção de inocência. São prisões midiáticas, condenações prévias, linchamentos públicos, interceptações telefônicas questionáveis e vazamentos de informações seletivas para uma imprensa controlada por cinco famílias que nunca toleraram a ascensão de Lula.

Você que, como eu, gostaria que a corrupção fosse investigada e políticos corruptos fossem para a cadeia não pode se render a esse vale-tudo típico dos Estados totalitários. Isso é combater um erro com outro.

Em nome da moralidade, barbaridades foram cometidas por governos de direita e de esquerda. A luta contra a corrupção foi também o mote usado pelos que apoiaram o golpe em 1964.
Arrepio-me sempre que escuto alguém dizer que precisamos “limpar” o Brasil. A ideia estúpida de que, “limpando” o país de um partido político, a corrupção acabará remete-me a outras faxinas horrendas que aconteceram ao longo da história do mundo. Em comum, o fato de todos os higienizadores se considerarem acima da lei por fazerem parte de uma “nobre cruzada pela moralidade”.

Você que, por ser contra a corrupção, quer um país governado por Michel Temer deve saber que o processo de impeachment foi aceito por conta das chamadas pedaladas fiscais, e não pelo escândalo da Petrobras. Um impeachment sem crime de responsabilidade provado contra a presidente é inconstitucional.

O nome de Dilma Rousseff não consta na lista, agora sigilosa, da Odebrecht, ao contrário dos de muitos que querem seu afastamento. Um pedido de impeachment aceito por um político como Eduardo Cunha, que o fez não por dever de consciência, mas por puro revide político, é teatro do absurdo.

O fato de o ministro do STF Gilmar Mendes promover em Lisboa um seminário com lideranças oposicionistas, como os senadores Aécio Neves e José Serra, é, no mínimo, estranho. A foto do juiz Moro com o tucano João Doria em evento empresarial é, no mínimo, inapropriada.

E se você também achar que há algo de tendencioso no reino das investigações, não significa que você necessariamente seja governista, muito menos apoiador de corruptos. Embora a TV não mostre, há muitos fazendo as mesmas perguntas que você.

 http://www.esmaelmorais.com.br/2016/03/dilma-e-vitima-de-golpe-classico-diz-ator-wagner-moura/

terça-feira, 29 de março de 2016

OAB Ontem e Hoje : Em 1992, Entrou Para a História; em 2016, Terá Feito História?


Marcelo Auler
Em 1992, os presidentes da OAB, Marcelo Lavenère e da ABI, Barbosda Lima Sobrinho levaram um pedido de impeachment à Câmara nos braços do povo; na segunda-feira, pelo menos parte do povo vaiou e se manifestou contra os conselheiros da Ordem que foram à Câmara protocolar outro pedido de impeachment. As fotos falam por si (Foto Pública/Luís Macedo - Ag. Câmara)

Em 1992, os presidentes da OAB, Marcelo Lavenère e da ABI, Barbosa Lima Sobrinho levaram um pedido de impeachment à Câmara nos braços do povo; na segunda-feira, pelo menos parte do povo vaiou e se manifestou contra os conselheiros da Ordem que foram à Câmara protocolar outro pedido de impeachment. As fotos falam por si (Foto Pública/Luís Macedo – Agência Câmara)

Tem certas imagens que dispensam texto. Copio aqui, sem a sua autorização, mas prestando minhas homenagens ao mesmo, uma ideia do  Bartolomeu Rodrigues, com quem trabalhei em 1979 no Jornal de Brasília. Ele seguiu carreira, transformou-se em um jornalista exemplar, foi presidente do Sindicato dos Jornalistas de Brasília e durante dez anos assessorou o Conselho Federal da Ordem e depois, por alguns anos a OAB-DF.

Nesta segunda-feira (28/03), no Facebook teve a brilhante ideia de comparar dois momentos distintos. O primeiro, em 1992, entrou para a História. O segundo, ocorrido ontem, só o tempo dirá se será registrado para a posteridade ou se tornará uma página a ser esquecida pelos advogados brasileiros.

Um fato, como as fotos demonstram, é inquestionável:

Em 1992, o então presidente da OAB Nacional, Marcello Lavenère, ao lado do saudoso e ilustre presidente da ABI, Barbosa Lima Sobrinho foram, literalmente, nos braços do povo entregar ao então presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro, o pedido de impeachment do presidente Fernando Collor. A OAB apoiou porque tinham sido cometidos crimes, no exercício da função.

Na segunda-feira, o presidente nacional da OAB, Cláudio Lamachia, não conseguiu ingressar na Câmara dos Deputados pelo Salão Verde, a porta de entrada daquela Casa Legislativa. Foi à Primeira Secretaria protocolar um pedido de impeachment, por um caminho alternativo. No Salão Verde, os conselheiros da Ordem, saíram de forma no mínimo, nada nobre.

Aliás, a respeito, vale a leitura no site Tijolaço, do Fernando Brito: Vergonha para a OAB: virar chacota de Eduardo Cunha, que a manda entrar na fila do golpe

A propósito, copio aqui três afirmações de  Lavenère ao Blog Viomundo, em uma entrevista, portada no dia 27/03, que vale a leitura na fonte: Marcello Lavenère, ex-presidente da entidade: “A OAB, juntando-se aos golpistas, assumiu o risco de ser equiparada a eles”
Em 1992, Marcelo Lavenère fez História. Qual será o papel reservado ao atual presidente da OAB, Cláudio Lamachia? (Reprodução Blog Viomundo)
Em 1992, Marcelo Lavenère fez História. Qual será o papel reservado ao atual presidente da OAB, Cláudio Lamachia? (Reprodução Blog Viomundo)

* Para que se possa iniciar um processo de impeachment é preciso que a autoridade tenha cometido um dos crimes capitulados na Constituição.

* No caso da presidenta Dilma, não é possível apontar nenhum dos comportamentos criminosos que seriam capazes de levar ao impeachment. Logo, como não existe prática delituosa da presidenta, não se justifica um processo de abertura de impeachment.

“Como não se tem o fundamento jurídico, pede-se o impeachment da presidenta por um ato político, um ato de divergência político-partidária ou um ato de divergência de política de governo”, expõe. “Alguém com interesses diversos do que governo que está aí. Essas pessoas estão utilizando o processo do impeachment como um golpe político para afastar a presidenta que foi eleita por 54 milhões de brasileiros.”

http://www.marceloauler.com.br/oab-ontem-e-hoje-em-1992-entrou-para-a-historia-em-2016-tera-feito-historia/

"Assistimos a Um Golpe No Brasil Em Transmissão Direta", Diz Escritor e Ex-Deputado Português

Vinho oferecido em Lisboa aos participantes do seminário de Gilmar Mendes

Vinho oferecido em Lisboa aos participantes do seminário de Gilmar Mendes

Do português Francisco Louçã, economista, ex-deputado, professor de economia na Universidade de Lisboa e escritor, no jornal Público


Assistimos no Brasil a um golpe de Estado em transmissão directa, por vezes em câmara lenta, outras em aceleração frenética. É assim que se procede no século XXI: em vez de tanques nas ruas, tudo começa com um juiz que quer derrubar um governo, declarando guerra ao princípio da soberania democrática. É golpe curto, bem sei, prender para eliminar politicamente e depois deixar as coisas seguirem o seu destino.

Para este propósito monumental, vem o juiz. O juiz é um poder, e neste caso é certamente um poder especial, pois ignora a proclamada separação de poderes e actua fora da lei, mas é um poder que pode tudo, pois não será corrigido em tempo útil, se é que alguma vez o será. O mal está feito, a desconfiança semeada, o pânico nas ruas, só não sabemos como vai prosseguir a saga.

Começou com a primeira detenção de Lula que era ilegal, e era mesmo. Depois, a escuta será ilegal, e é, a sua divulgação um crime, e é, a escuta abrangia todos os advogados de um escritório, e isso é delirantemente ilegal, o juiz é suspeito de intuito partidário, e não o esconde, a própria perseguição e o pedido de prisão preventiva não têm fundamento legal, e não têm mesmo, mas o juiz é um poder inexpugnável e por isso pode desencadear uma tempestade. Segundo Marco Aurélio Mello, Juiz do Supremo Tribunal Federal, referindo-se a Sérgio Moro, o magistrado que desencadeou as primeiras salvas do golpe, “ele simplesmente deixou de lado a Lei”.

Precipitado pelos magistrados golpistas, a manobra decide-se por estes dias no balanceamento dos movimentos da opinião pública, na ocupação da rua, nos ajustes de contas partidários e sobretudo na corrida contra o tempo. O que é certo é que nunca tínhamos visto um golpe de Estado assim: no Brasil, em 1964, no Chile, em 1973, na Argentina, em 1976, foi com baionetas que a ditadura avançou e não com sentenças ou acusações judiciais. Este novo tipo de golpe é mais eficaz, mobiliza a dúvida e espalha os ódios, disputa a aceitação e mesmo a participação de parte da população, ocupa o terreno do simbólico, que é a sede da política.

Esta técnica de golpe de Estado neutraliza a argumentação e assim exclui a razão, porque se baseia na hegemonia afirmada de um poder supremo e imune à democracia. O César é o juiz, que se apresenta como um pai moralizador ou como o braço da vingança divina. Ele é o poder que pode tudo e por isso dispensa uma ditadura, se o choque e pavor tiverem como consequência a destruição eleitoral dos seus adversários, e neste caso a decapitação política de Lula, o mais temido candidato a re-presidente. O golpe tem este objectivo preciso: prender Lula, seja com que pretexto for.

O golpe está por ora a vencer, mas veremos o que decide o Supremo Tribunal, que o pode parar por agora. Só depois virá o processo de demissão de Dilma, conduzido por uma comissão parlamentar em que mais de metade dos deputados está a contas com a justiça, e esse será o segundo acto da farsa.

Todos estamos a adivinhar o desfecho.

Vladimir Safatle, , citado por Alexandra Lucas Coelho aqui no PÚBLICO, escreve a sua indignação na “Folha de S. Paulo”: “Não quero viver em um país que permite a um juiz se sentir autorizado a desrespeitar os direitos elementares de seus cidadãos por ter sido incitado por um circo midiático composto de revistas e jornais que apoiaram, até o fim, ditaduras, e por canais de televisão que pagaram salários fictícios para ex-amantes de presidentes da República a fim de protegê-los de escândalos. O Ministério Público ganhou independência em relação ao poder executivo e legislativo, mas parece que ganhou também uma dependência viciosa em relação aos humores peculiares e à moralidade seletiva de setores hegemônicos da imprensa. Passam-se os dias e fica cada dia mais claro que a comoção criada pela Lava Jato tem como alvo único o governo federal. Por isso, é muito provável que, derrubado o governo e posto Lula na cadeia, a Lava Jato sumirá paulatinamente do noticiário, a imprensa será só sorrisos para os dias vindouros, o dólar cairá, a bolsa subirá e voltarão ao comando os mesmos corruptos de sempre, já que eles foram poupados de maneira sistemática durante toda a fase quente da operação. O que poderia ter sido a exposição de como a democracia brasileira só funcionou até agora sob corrupção, precisando ser radicalmente mudada, terá sido apenas uma farsa grotesca.”

Esta farsa grotesca, este golpe, havemos de convir que foi preparado ao longo de muito tempo. Havia esse ódio de classe contra Lula, um torneiro mecânico feito grande do país, havia o medo social das elites urbanas contra a massa popular em cidades de quinze milhões de habitantes, havia a raiva de latifundiários contra os sem-terra, havia as listas de sindicalistas a assassinar, tudo se foi conjugando para estes dias de chumbo.

Mas, ainda assim, mesmo com tanto ódio, nada fazia prever a cavalgada dos juízes e dos seus partidários. De facto, Lula governou sem beliscar os interesses dos que temem pela propriedade e pelo estatuto, o seu partido foi-se habituando aos salões e cultivando a intriga. Nem a terra foi distribuída nem a indústria e a finança foram ameaçadas ou entregues ao povo, que recebeu uns reais para que a pobreza ficasse menos pobre, umas escolas e universidades para os seus filhos e muita paciência para todos porque o Brasil ainda há-de ser um imenso Portugal. O pouco que mudou, mudou alguma coisa para muita gente dos de baixo mas nada para os de cima. E o Brasil viveu tranquilamente o encabulamento da Copa do Mundo e depois voltou à sua vida de todos os dias.
Nada fazia prever o golpe, portanto.

Dilma remou na mesma maré. Inaugurou o segundo mandato cedendo tudo à direita, nomeando para postos chaves do governo o homem que seria o ministro das finanças do seu adversário e uma representante de terratenentes para a agricultura. Porque deu tudo aos adversários, o golpe parecia coisa de ficção ou de jogo de computador.

Até que chegou o Caso Petrobrás, ou Lavajato. E ele tocou no ponto frágil de toda esta construção, os partidos, tanto do governo como da oposição. O principal partido de direita que faz parte do acordo governista, o PMDB, distinguiu-se entre os que, com o presidente do Parlamento Federal, Eduardo Cunha, correm contra o tempo da acusação judicial e da prisão, depois de as suas contas no estrangeiro serem identificadas e ser exibida a mão que lhe pagou. Outra parte do PMDB, com o vice-presidente Temer, perfila-o como sucessor de Dilma se conseguir a sua impugnação. No PSDB, o principal partido de oposição, luta-se entre os que querem demitir Dilma agora (com alguma acusação derivada do Lavajato), para provocar uma eleição a curto prazo, ou os que querem demiti-la depois (com o processo rocambolesco sobre o financiamento da campanha eleitoral), conforme as conveniências de cada um, seja Serra, Alckmin ou Aécio Neves, colegas e inimigos. Todos correm contra o tempo e isso cria uma irracionalidade colectiva: os chefes partidários, apanhados na teia da corrupção e irmanados na desgraça, escolheram todos o quanto pior melhor. Quanto mais depressa incendiarem o Brasil, mais depressa esperam sentir-se aliviados da pressão sobre cada um deles.

É preciso reconhecer que o PT alimentou esta monstruosidade. Os seus dirigentes acreditaram que a composição da aliança governista criaria uma distribuição de benesses e um espírito situacionista que cimentaria esta multidão de partidos e de interesses graúdos. Chegou-se ao ponto, quanto as primeiras frestas estalaram, de agenciar a compra e venda de votos de deputados com o Mensalão, para manter o governo a flutuar entre as suas próprias piranhas. A força do PT, a sua capacidade de ter um voto eleitoral maioritário, mas num sistema eleitoral que lhe rouba a maioria e favorece o aliancismo tacticista, deu lugar a um sistema de corrupção que se tornou uma marca de governo. Ao abeirar-se dos donos do Brasil, o PT pareceu-se cada vez mais com eles, nos tiques e nas ambições.
Só que essa mimetização e essas alianças nunca aplacariam o ódio de classe nem amenizariam a raiva da direita que era forçada a partilhar o poder. Por isso, a espiral da radicalização transformou ainda mais os partidos, com um parlamento em que as bancadas que cresceram são as das seitas religiosas fanáticas, os defensores do tiroteio e dos fuzilamentos policiais, ou de outras particularidades. O que agora junta esta turbamulta é o alvo Dilma e, sobretudo, o alvo Lula. Os magistrados golpistas pressentiram a oportunidade e interpretaram o momento de descontrolo, descendo à terra como anjos exterminadores. E temos golpe.

Seria ocioso dizer agora que esta esquerda nunca aprendeu nada. Que um sistema eleitoral que corrompe é um salvo-conduto para a direita. Que alianças com partidos ou políticas destruidoras são impeditivas da mobilização do povo. Que o braço dado com a finança é repressão da vida das pessoas. Mas tudo isso é a vida falhada de um governo que criou tanta expectativa e que prometeu tanto a tanta gente que já viveu tanta mentira.

O Brasil tornou-se assim um pavor de ameaças neste golpe em câmara lenta: estamos a vê-lo, adivinhamos como vai acabar, mas o filme é inacessível para quem olha. Vemo-lo, em todo o caso, e, nele, o que é insuportável é a arrogância dos golpistas, o que é execrável é a justificação justiceira para a ilegalidade e para o arbítrio sem regras, o que é triste é este fracasso político de um governo que esperava ocupar o poder e viver dele como se o tempo passasse e tudo compusesse. Como se viu, a história, que é quem tem o poder ou o assume, virou-se sobre si própria e começou a destroçar este ciclo de governação.

Mas, olhando o Brasil daqui de fora e conhecendo alguma coisa de dentro, só vejo desperdício de esperança, tanta tristeza, tanta gente extraordinária que está a ser sacrificada, tanta ameaça contra a liberdade, tanta pesporrência golpista, tanta violência evocativa da ditadura militar, tanta asquerosa condenação dos mais fracos: nesse mundo eles não têm direito.

Vive-se no Brasil como se este golpe avançasse e o povo ficasse parado a ver, já não acreditando em nada. Não precisavamos desta farsa de golpe para nos lembrarmos que a história é parteira de tragédias.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/assistimos-a-um-golpe-no-brasil-em-transmissao-direta-diz-escritor-e-ex-deputado-portugues/




Golpe Nunca Mais!

https://www.youtube.com/watch?v=8Qmf2npiD9k

Um Guia De A a Z Para Desmontar As Mentiras Sobre Lula

desmontando

O Instituto Lula divulgou um roteiro de esclarecimento, quase um “perguntas e respostas” que ajuda a esclarecer as pessoas cheias de dúvidas plantadas pela mídia.
Vale a pena ler e verificar que não fica nada sem explicação.

No Brasil, a função de investigar é da Polícia e do Ministério Público. A função de denunciar é exclusiva do Ministério Público, de seus promotores e procuradores.

No Brasil, juízes não investigam, não acusam, não denunciam. Juízes julgam. E só participam de investigações indiretamente, autorizando ou não atos invasivos (apreensões, escutas) e coercitivos (conduções, prisões temporárias) formalmente solicitados pelo Ministério Público e pela Polícia.

Somente depois que o Ministério Público apresenta denúncia formal, e se essa denúncia for aceita por um juiz, é que um cidadão torna-se réu, ou, como se diz popularmente, torna-se acusado.

O ex-presidente Lula não é réu, ou seja: não responde a nenhuma ação judicial que o acuse de ter praticado algum crime.

A denúncia apresentada contra ele por três promotores de São Paulo notoriamente facciosos, a partir de um inquérito considerado ilegal pelo Conselho Nacional do Ministério Público, não foi aceita pela Justiça. Portanto, não há ação nem réu.

O ex-presidente Lula não é acusado nem mesmo investigado, porque esta figura não existe no direito brasileiro. Aqui investigam-se fatos, não pessoas. Policiais e promotores que fazem acusações a pessoas em entrevistas, fora dos autos, cometem crime.

Levar o ex-presidente Lula ao banco dos réus é, sim, o objetivo da plutocracia, do mass media e de agentes partidarizados da Polícia e do Ministério Público, que representam exceções dentro destas Instituições.

Mas nenhum desses agentes apresentou uma acusação fundamentada para justificar a abertura de ação penal contra o ex-presidente. E não apresentou porque Lula sempre agiu dentro da lei, antes, durante e depois de ser presidente da República.

Os únicos juízes que um dia condenaram Lula eram membros de um tribunal de exceção, criado pela odiosa Lei de Segurança Nacional da ditadura militar.
Em 1980, Lula foi preso porque lutava pela democracia e pelos trabalhadores.

2) LULA É O ALVO DE UMA CAÇADA PARAJUDICIAL
           
 Em mais de 40 anos de vida pública, a vida do ex-presidente Lula foi vasculhada em todos os aspectos: político, fiscal, financeiro e até pessoal.

Desde a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, um exército de jornalistas, policiais, promotores, procuradores e difamadores profissionais está mobilizado com o objetivo de encontrar um crime – qualquer um – para acusar Lula e, dessa forma, afastá-lo do processo político.

Nada menos que 29 procuradores e promotores de 5 instâncias já se envolveram nesta verdadeira caçada parajudicial, além de 30 auditores fiscais da Receita Federal e centenas de policiais federais.

Os movimentos desse exército tornaram-se frenéticos em meados do ano passado, quando ficou claro que as investigações da Operação Lava Jato não alcançariam o ex-presidente.

Nenhuma conta bancária, nenhuma empresa, nenhuma delação, nada liga Lula aos desvios investigados em negócios milionários com poços de petróleo, navios, sondas, refinarias. Nada.

Desde então, Lula, sua família, o Instituto Lula e a empresa LILS Palestras tornaram-se alvo de uma avalanche de inquéritos e fiscalizações por parte de setores do Ministério Público, da Polícia Federal e da Receita Federal:

4 inquéritos abertos por procuradores federais de Brasília e do Paraná;

2 inquéritos diferentes sobre os mesmos fatos, abertos por procuradores federais e do estado de São Paulo, o que é inconstitucional;

3 inquéritos policiais abertos pela Polícia Federal em Brasília e no Paraná;

2 ações de fiscalização da Receita Federal;

Quebra do sigilo fiscal e bancário de Lula, do Instituto Lula, da LILS Palestras e de mais 12 pessoas e 38 empresas de pessoas ligadas ao ex-presidente;

Quebra do sigilo telefônico e das comunicações por internet de Lula, de sua família, do Instituto Lula e de diretores do Instituto Lula; até mesmo os advogados de Lula foram atingidos por esta medida ilegal;

38 mandados de busca e apreensão nas casas de Lula e de seus filhos, de funcionários e diretores do Instituto Lula, de pessoas ligadas a ele, executados com abuso de autoridade, apreensões ilegais e sequestro do servidor de e-mails do Instituto Lula;

 Nos últimos 10 meses, Lula prestou 4 depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público e apresentou informações por escrito em 2 inquéritos.

Lula prestou informações ao Ministério Público sobre todas as suas viagens internacionais, quem o acompanhou, onde e quando se hospedou, como foram pagas essas despesas, as pessoas com quem se encontrou nessas viagens, inclusive chefes de estado e de governo; sobre as palestras que realizou, onde, quando e contratado por quem; o Instituto Lula e a empresa LILS Palestras prestaram informações ficais, bancárias e contábeis de todas suas atividades;

 Apesar de ter cumprido todos os mandados e solicitações e de ter prestado esclarecimentos às autoridades até voluntariamente, Lula foi submetido, de forma ilegal, injustificada e arbitrária, a uma condução coercitiva para depoimento sem qualquer intimação anterior;

 Lula foi alvo de um pedido de prisão preventiva, de forma ainda mais ilegal, injustificável e arbitrária, pedido que foi prontamente negado pela Justiça.

 Ao longo desses meses, agentes do estado vazaram criminosamente para a imprensa dados bancários e fiscais de Lula, de seus filhos, do Instituto Lula e da LILS Palestras.

 Por fim, o juiz Sergio Moro divulgou ilegalmente conversas telefônicas privadas do ex-presidente Lula, sua mulher, Marisa Letícia, e seus filhos, com diversos interlocutores que nada têm a ver com os fatos investigados, inclusive com a presidenta da República.

Conversas entre advogados e clientes também foram divulgadas pelo juiz Moro, rompendo um dogma mundial de inviolabilidade das comunicações.

Nenhum líder político brasileiro teve sua intimidade, suas contas, seus movimentos tão vasculhados, num verdadeiro complô contra um cidadão, desrespeitando seus direitos e negando a presunção da inocência.

E apesar de tudo, não há nenhuma ação judicial aberta contra Lula, nenhuma denúncia do Ministério Público Federal, nenhuma ação da Receita Federal por crime tributário ou fiscal.

O resultado desse complô de agentes do estado e meios de comunicação é a maior operação de propaganda opressiva que já se fez contra um homem público no Brasil.

Foi a incitação ao ódio contra a maior liderança política do País, num momento em que o Brasil precisa de paz, diálogo e estabilidade política.

3) LULA NÃO FOGE DA JUSTIÇA; LULA RECORRE À JUSTIÇA

O ex-presidente recorreu sistematicamente à Justiça contra os abusos e arbitrariedades praticadas por agentes do estado, difamadores profissionais e meios de comunicação que divulgam mentiras a seu respeito.

A defesa de Lula solicitou e obteve a abertura de Procedimentos Disciplinares no Conselho Nacional do Ministério Público contra dois procuradores da República que atuaram de forma facciosa;

Apresentou ao CNMP e obteve a confirmação de ilegalidade na abertura de inquérito por parte de promotores do Ministério Público de São Paulo;

Apresentou ao STF e aguarda o julgamento de Ação Cível Originária, com agravo, para definir a quem compete investigar os fatos relacionados ao sítio Santa Bárbara e ao Condomínio Solaris;

Recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo e aguarda julgamento contra decisão da juíza da 4a Vara Criminal sobre o mesmo conflito de competência;

Apresentou ao STF habeas corpus contra decisão injurídica do ministro Gilmar Mendes, corrigida e revogada pelo ministro Teori Zavascki em mandado de segurança da Advocacia Geral da União;

Apresentou ao STF recurso contra decisão do ministro Gilmar Mendes que o impede de assumir o cargo de Ministro de Estado, embora Lula preencha todos os requisitos constitucionais e legais para esta finalidade;

Apresentou ao juiz Sergio Moro 4 solicitações de devolução de objetos pessoais de noras e filhos de Lula, apreendidos ilegalmente pela Polícia Federal.

É nas instituições que Lula se defende dos abusos e, neste momento, quem deve explicações ao STF não é Lula, é o juiz Sergio Moro; e quem tem de se explicar ao Conselho Nacional do Ministério  Público são dois procuradores do Ministério Público Federal.


Contra seus detratores na imprensa, no Congresso Nacional e nas redes subterrâneas de difamação, os advogados do ex-presidente Lula apresentaram:

6 queixas crime;

6 interpelações criminais;

9 ações indenizatórias por danos morais;

5 pedidos de inquéritos criminais;
e formularam duas solicitações de direito de resposta, uma das quais atendida e outra, contra a TV Globo, em tramitação na Justiça.

Quem deve explicações à Justiça e à sociedade não é Lula; são os jornais, emissoras de rádio TV que manipularam notícias falsas e acusações sem fundamento de procuradores e agentes de estado notoriamente facciosos.

 4) LULA NÃO PEDIU NEM PRECISA DE “FORO PRIVILEGIADO”

 É importante esclarecer que a prerrogativa de foro (erroneamente chamada de foro privilegiado) do STF se exerce sobre parlamentares, ministros do governo, presidente e vice-presidente da República e membros dos tribunais superiores.

 Neste caso, processos e julgamentos são feitos diretamente na última instância, o que não permite recursos a outras cortes ou juízes.

 Lula tem o compromisso de ajudar a presidenta Dilma Rousseff, de todas as formas possíveis, para que o Brasil volte a crescer e gerar empregos, num ambiente de paz, estabilidade e confiança no futuro.

A convocação da presidenta Dilma para Lula ser ministro veio depois, e não antes, de o juiz Sergio Moro autorizar uma série de arbitrariedades contra Lula: violação de domicílio, condução coercitiva injustificada, violação de garantias da família e de colaboradores do ex-presidente.

Não existe nenhum ato ou decisão judicial pendente de cumprimento que possa ser frustrada pelo fato de Lula assumir o cargo de ministro.

E além disso: a mais grave arbitrariedade cometida pelo juiz Sergio Moro – pela qual ele está sendo chamado a se explicar na Suprema Corte – ocorreu no momento em que o ex-presidente 

Lula detinha a prerrogativa de foro.

Momentos depois de Lula ter sido nomeado ministro, a Força Tarefa da Lava Jato grampeou ilegalmente uma conversa entre ele e a presidenta Dilma, conversa que foi divulgada quase instantaneamente pelo juiz Moro.

Ou seja: nem mesmo nas poucas horas em que foi ministro Lula ficou a salvo das arbitrariedades do juiz – nem ele nem a presidenta da República.

Não existe salvo-conduto contra a arbitrariedade. Contra a arbitrariedade existe a lei.
Para garantir seus direitos, Lula recorre e continuará recorrendo à Justiça em todas as instâncias, todos os tribunais, pois juízes tem de atuar como juízes desde a mais alta Corte à mais remota comarca.

Além disso, as fortes reações – dentro e fora do Brasil – à condução coercitiva de Lula e ao grampo ilegal da presidenta servem de alerta para que novas arbitrariedades não sejam cometidas neste processo.

5) SÃO FALSAS E SEM FUNDAMENTO AS ALEGAÇÕES CONTRA LULA

Em depoimentos, memoriais dos advogados e notas do Instituto Lula, o ex-presidente Lula esclareceu os fatos e rebateu as alegações de seus detratores.

Lula entrou e saiu da Presidência da República com o mesmo patrimônio imobiliário que possuía adquirido em uma vida de trabalho desde a infância.

Não oculta, não sonega, não tem conta no exterior, não registra bens em nome de outras pessoas nem de empresas em paraísos fiscais.

Um breve resumo das respostas às alegações falsas, com a indicação dos documentos que comprovam a verdade:

Apartamento no Guarujá: Lula não é nunca foi dono do apartamento 164-A do Condomínio Solaris, porque a família não quis comprar o imóvel, mesmo depois de ele ter sido reformado pelo verdadeiro proprietário. Informações completas em:http://www.institutolula.org/documentos-do-guaruja-desmontando-a-farsa

Sítio em Atibaia: Lula não é nunca foi dono do Sítio Santa Bárbara. O Sítio foi comprado por amigos de Lula e de sua família com cheques administrativos, o que elimina as hipóteses de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. As reformas feitas no sítio nada têm a ver com os desvios investigados na LavaJato.
Informações completas e documentos sobre Atibaia e o patrimônio de Lula em:

Palestras de Lula: Depois que deixou a presidência da República, Lula fez 72 palestras contratadas por 40 empresas do Brasil e do exterior, recolhendo impostos por meio da empresa LILS Palestras. Os valores pagos e as condições contratuais foram os mesmos para as 40 empresas: tanto as 8 investigadas na Lava Jato quanto às demais 32, incluindo a INFOGLOBO, da Família Marinho. Todas as palestras foram efetivamente realizadas, conforme comprovado nesta relação com datas, locais, contratantes, temas, fotos, vídeos e notícias:

Doações ao Instituto Lula: O Instituto Lula recebe doações de pessoas e empresas, conforme a lei, para manter suas atividades, e isso nada tem a ver com as investigações da Lava Jato. A Força Tarefa divulgou ilegalmente alguns doadores, mas escondeu os demais e omitiu do público como esse dinheiro é aplicado, o que se pode ver no Relatório de Atividades Instituto Lula 2011-2015:

Acervo presidencial: O ex-presidente Lula não desviou nem se apropriou ilegalmente de nenhum objeto do acervo presidencial, nem cometeu ilegalidades no armazenamento. Esta nota esclarece que a lei brasileira obriga os ex-presidentes a manter e preservar o acervo, mas não aponta meios e recursos:

É falsa a notícia de que parte do acervo teria sido desviada por Lula ou que ele teria se apropriado de bens do palácio. A revista que espalhou essa farsa é a mesma que desmontou o boato numa reportagem de 2010:

6) O INTERROGATÓRIO DE LULA
Neste link, a íntegra do depoimento de Lula aos delegados e procuradores da Operação Lava Jato, prestado sob condução coercitiva no aeroporto de Congonhas em 4 de março de 2016.

 http://www.tijolaco.com.br/blog/um-guia-de-z-para-desmontar-as-mentiras-sobre-lula/

Moro protege os Golpistas da Odebrecht - Por isso a Lista sumiu!


Extraído: https://www.youtube.com/watch?v=wOZiPU5xGTs

segunda-feira, 28 de março de 2016

Carta Aberta a Michel Temer : Em busca da Ética

Fazer parte de uma trama que culminará em uma puxada de tapete é a mais pura traição, um ato dos mais fracos, dos chamados oportunistas.


Luciana Burlamaqui Valter Campanato/ Agência Brasil

Senhor Vice-Presidente,

Hoje o nosso país vive à beira de um abismo. Não o abismo do clichê monotemático da ”crise” criada, manipulada e bombardeada principalmente pelas organizações Globo como verdade, antes dela sequer existir, e cantada em coro pelas vozes de partidos da oposição ao governo federal, que nunca se conformaram em perder uma eleição e, assim, ficarem longe do “poder”, ainda que fruto de um resultado democrático.  

Este abismo ao qual me refiro, é o abismo da indecência e da indignidade humana. Todos os dias vimos homens maduros, infelizmente apenas na sua idade, se curvarem de joelhos para ganhar um holofote a mais como trampolim, para que em nome de suas ambições individualistas e pequenas, possam abocanhar um pedaço maior do bolo da nação.

Ainda que vozes que se auto intitulam povo, bradem com pouquíssima consciência pelo impeachment da presidenta Dilma, muitos de nós sabemos e o senhor ainda mais, que não há razão jurídica para isso, baseada nas pedaladas fiscais, e que o momento politico é completamente diferente daquele vivido no governo Collor em 1992, até a sua derrocada.


Imagino que o senhor vem acompanhando também outras vozes das ruas; a dos movimentos sociais (aqueles que vivem na pele, mais do que qualquer um de nós “o tour de force” da sobrevivência humana), dos juristas de ilibada reputação, dos religiosos equilibrados, dos artistas, dos escritores, músicos, cineastas etc que são unânimes a favor do combate à corrupção, mas fortemente contrários a qualquer tipo de traição e golpe aos mais de 54 milhões de eleitores que votaram no mandato Dilma-Temer.

Estas vozes não se medem apenas pela quantidade, apesar de não serem poucas, mas pela sua capacidade de mobilização; pela sua contribuição histórica para a música, a poesia, a literatura, o cinema; a construção simbólica, cultural, subjetiva de nosso país que faz com que quando você diga Brasil, a palavra emane versos, imagens, letras e melodias que dão forma a nossa alma, para nós mesmos e para o mundo.

Caro Temer, ouça essas vozes. Elas saíram diretamente do coração e das entranhas do nosso país. São profundas, têm valor. Não falam para o próprio umbigo, não almejam cargos, não visam vingança. Elas pedem uma virtude básica para a vida em qualquer sociedade: a ética. E ecoam seu clamor em brados retumbantes, na esperança de que a história brasileira não se manche mais uma vez pelo o que há de mais pequeno e covarde no ser humano: a traição.  O homem como ser que já nasce sabendo que irá morrer, terá sua  história escrita primeiro, por sua própria consciência, sem falsas alegorias de uma elite vingativa e egoísta, usadas para legitimar um golpe dos opositores politicos do Congresso Nacional, que pisam não apenas na constituição, mas que ignoram um clamor democrático que dá sentido ao nosso espírito maior.

Este homem terá depois, sua história traduzida em versos, melodias, livros e filmes, peças que perpeturão ad infinitum, pelos territórios além da bolha obtusa dos gabinetes politicos e das redes de TV brasileiras, já arcaicas e obsoletas em suas escolhas maniqueístas e pouco responsáveis, que visam a manutenção de seu status quo em detrimento do avanço intelectual da maioria.

Caro Temer, se assumiu o risco de ser vice-presidente da república, não se vingue da nação que o elegeu por ambições que não compactuam com o nosso voto.

Este não é o seu primeiro mandato como vice-presidente. O senhor é co-autor deste governo. A renúncia à vice-presidência é um ato digno, caso não concorde mais em fazer parte do governo, como parece ser o caminho do partido que o senhor preside. A renúncia à presidência, caso aja um impeachment é também um marca de caráter por não legitimar um golpe.  

Mas fazer parte de uma trama que culminará em uma puxada de tapete, para assumir a Presidência da República, sem os votos contabilizados pelo nosso sistema democrático, arduamente construído, é a mais pura traição, um ato dos mais fracos, dos chamados oportunistas. A presidenta Dilma não é menos honesta do que o senhor.

Nenhum legado vale a pena ser deixado na história, construído nestes alicerces que cedo ou tarde serão destruídos por outros traidores, seguindo a máxima da vida entre predadores que sempre se auto-destroem.

Quando tomar sua decisão sobre o momento politico em que o país vive, não renuncie ao que resta ao homem como seu último suspiro de existência: a ética. Se não fizer isto pelo país, faça-o pela sua própria dignidade e pela memória que irá deixar na política brasileira.  

Que na lápide da sua consciência seja escrita uma história de coragem e respeito à verdadeira democracia.

Luciana Burlamaqui

 http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Carta-Aberta-a-Michel-Temer-Em-busca-da-etica%0A/4/35813