Se observarmos com cuidado
veremos que as músicas consideradas cristãs seguiram uma forte tendência
de sua época especialmente no Brasil. Tem-se cantado e tocado cânticos
hedonistas. Antes de tudo, o hedonismo é uma corrente filosófica que
surgiu trezentos anos antes do nascimento de Jesus Cristo e dos
apóstolos. Para os hedonistas, o sentido da vida está na busca pelo
prazer físico e material do homem. Não existe vida após morte física por
isso, só há razão de viver se nos entregamos as vontades da corpo e das
necessidades pessoais. Em Atos 17:18 Lucas faz menção a uma das escolas gregas que simpatizavam com esta corrente. Os epicureus.
Na cultura brasileira isto pode ser
detectado com mais clareza. Por exemplo, somos conhecidos pelo carnaval,
futebol, festas junina e julina, as passeatas LGBT, belas praias além
dos feriados religiosos e do famoso happy hour dos brasileiros após o
trabalho. A música secular brasileira é predominantemente hedonística.
Veja o que diz Tom Jobim: “Tristeza não tem fim. Felicidade sim.”
Tom Jobim revela o anseio do brasileiro em se preparar o ano todo para
apenas três dias de pura folia e felicidade no carnaval. Jorge Bem Jor
confirma a mesma ideia na música: “moro num país tropical, abençoado por deus e bonito por natureza. Fevereiro tem carnaval.”
Os estilos musicais brasileiros
expressam de forma marcante a maneira como o brasileiro prefere encarar
seus problemas e crises. O samba é um exemplo disto. Quantas músicas
foram compostas retratando tragédias e tristezas dos brasileiros em
geral e que finaliza seus refrãos satirizando-os com bom humor e
irreverência. No final de tudo, a melhor coisa a fazer e rir da própria
desgraça até que nos acostumemos com ela ou vai embora se cansando de
nós. No fim das contas o que vale é ser feliz. Este é o pensamento
brasileiro.
É importante dizer que a música
considerada evangélica seguiu esta tendência hora influenciada pela
teologia da prosperidade (iniciada na década de 70) com uma ajuda da
teologia liberal (iniciada na década de 40) como também pela crise
espiritual que tem pairado sobre os cristãos no Brasil. Várias canções,
inclusive algumas delas citando textos bíblicos (como uma forma de
autenticar pela autoridade das Escrituras suas sutis heresias) afirmam
vitórias não prometidas, estimulando falsas esperanças de bênçãos
ilícitas e promovendo uma “fé” em promessas não anunciadas por Deus nas
Escrituras. Exemplos são extremamente claros em nossos dias. A ”Marcha para Jesus”
é equiparada por muitos críticos e jornalistas no mesmo nível que o
carnaval e a passeata LGBT em varias cidades do país, especialmente em
Porto Velho-RO. O consumo do mercado da música gospel ganhou espaço
nacional a ponto da gravadora Som Livre (que pertence as organizações
Roberto Marinho) produzir como divulgar os vários artistas gospel.
Alguns perigos são detectados. De
início, o grotesco desvio teológico de nossos membros ao cantarem nos
cultos estas músicas. Perspectiva errada de adoração e do uso da música
no culto, ou seja, a música se torna um instrumento de terapia em vez de
uma ferramenta que auxilia no ensino da Palavra e por fim, um
pragmatismo religioso com base no emocionalismo que leva ao
distanciamento de uma vida cristã saudável e coerente com as escrituras.
A reflexão no presente artigo são duas. A
primeira é a degradação teológica e espiritual dos que ouvem e cantam
este tipo de música. Para que uma música seja considerada bíblica e
saudável espiritualmente não deve apenas mencionar um texto bíblico, mas
é necessário avaliar o contexto e enredo em que ela é aplicada. A
música em seu conteúdo deve de forma simples, resumida e direta aplicar
conceitos da sã doutrina a vida do crente.
Em segundo lugar este fenômeno já faz
parte do repertório litúrgico também das igrejas históricas
especialmente presbiterianas. Sutilmente, diversas heresias vão
consumindo os fundamentos que sustentam a vida da igreja. O pior é que
não tenho percebido por parte de muitos pastores e líderes em geral a
preocupação com a conscientização bíblica de seus músicos e cantores na
direção da música em suas igrejas locais seja por preguiça,
conveniência, falta de convicção teológica, o receio de ser censurado e
até mesmo perder a simpatia de seus membros.
Em terceiro e ultimo lugar, é necessário
lembrar que o cristianismo é a contra cultura do padrão do mundo.
Nenhuma argumentação é justificável diante do crivo das escrituras para
adaptar e acrescentar ao culto cristão músicas (seja os estilos como o
conteúdo) que em vez de aprender a Palavra levam as pessoas a criarem
expectativas erradas em relação a Deus. Infelizmente, a música na igreja
tem sido instrumento para esta atividade que no mínimo deve ser
considerada sujestionamento de Satanás. De imediato, o que é preciso
fazer? Simples! Não cante mais estas músicas. O critério para isto é:
Finalmente, irmãos, tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é
puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude
há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.
(Fp 4: 8)
Nenhum comentário:
Postar um comentário